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  • Foto do escritorArthur Salazar

Questão de ótica.

O escritor desse texto, vulgo eu, não quis esperar os jogos de Canadá e Dominicana. Tal paciência podia resultar em um análise enviesada, e por isso, a opinião contém tom menos eufórico do que teria com uma potencial vaga olímpica.


Começo do começo: "Letônia dá aula e Brasil é eliminado no Mundial."


Pra todos os efeitos, uma manchete justa e até confortável... Veja, o protagonismo do jogo das 6:45 desse domingo não passou por aqui, não foi brasileiro. Fizemos mais parte de um capítulo da história letã, do que eles da nossa. Fomos a décima barreira precursora ao sprint final; fomos pedra no sapato; fomos mais um.


Honestamente, isso não me machuca em nada. Se trata de uma eliminação esperada e merecida, mas longe de inofensiva. É questão de ótica dizer isso, assim como, é não dizer.


Efetivamente, há dois caminhos: o conformismo ou a superação. Sempre prefiro o rompimento à inércia.


Esse texto não é uma carta que pede a cabeça de Gustavinho ou Léo Meindl, nem mesmo de Huertas ou Lucas Dias. É um esforço de olhar pro futuro, se baseando no que faltou no passado.


Pra mim, à curto prazo falta "cancha".


É fundamental expor nossos atletas à situações de pressão, antes mesmo de se tornarem protagonistas no mais alto nível. Não se esqueça, esse mesmo grupo quase não pegou a vaga pro Mundial, ao sucumbir à pressão porto-riquenha em solo rival.


Não faz sentido dizer que um jogador não está preparado pra tal clima, e escondê-lo até uma hora em que, magicamente, o basquete de clubes o prepararia pro contexto em pauta. Simplesmente, isso não existe!


Além disso, a amarelinha sofre uma crise de identidade que é pouco comentada. Hoje, o Brasil joga baseado em um PnR de Caboclo e Yago; com Meindl sendo o finalizador em 1v1; e outros 2 que servem de válvula de escape. É um jogo muito previsível e raso, ainda mais pra 2 anos de trabalho. Aliás, 30% de tudo que o Brasil tentou quando teve Caboclo e Yago disponível, veio diretamente da dupla...


Sem variedade; com pouca maturidade e sem recrutas, a Seleção Brasileira está fadada à repetir os passos dos últimos tempos: uma espécie de pseudo-renovação atrás de pseudo-renovação, que mantém a amarelinha como refém do seu pseudo-sucesso. Não há ruptura, muito menos crescimento.


Listo minhas ideias apocalípticas:


- Criação de uma seleção sub-23 paralela à principal.

A nata da próxima geração sendo colocada em cheque. 12 a 15 que dividiriam treinos com as estrelas da amarelinha, e que também teriam sua bateria de amistosos e jogos em calendário próprio. Nem que sejam entrem si, com 24 convocados, mas idealmente contra clubes em recesso de "data-FIBA".


- Planejamento para "camps" de base bimensais focados em intercâmbio e recrutamento dos principais talentos até 17 anos.

Como se faz lá fora, é fundamental expor talentosos prospectos à outros talentosos prospectos. Contexto na base vale muito, e em um cenário de super-potências que passam o trator nos jogos das categorias de formação, os "camps" serviriam pra fomentar a competição. No âmbito do recrutamento, uma análise mais material e detalhada seria de grande valor para a formação das seleções de base com mais aprofundamento, além de servir como introdução tática para a "identidade" da amarelinha desde a base.


- Renovação no plantel adulto, com rotatividade nas escolhas até os torneios de maior relevância.

Isso aqui é óbvio. É crucial que haja testes; testes e mais testes para fechar um elenco. Pra mim, as eliminatórias serviriam esse fim, e a Copa América para maturar talentos que precisam da pressão. Tiraria o resultadismo desses torneios e focaria no processo... Até porque, só uma campanha fraca como essa última pra deixar a nossa ida à Copa do Mundo em cheque.


Tudo isso é muita coisa... Envolve um esforço logístico e tanto por parte da CBB, e muito senso de coletivo por parte dos clubes e da LNB. Mas por que não? Sem isso, temo que ficamos no mesmo patamar. Dependendo de terceiros, pra quem sabe, conseguir um retorno olímpico no estouro do cronômetro. Você pode até gostar disso, mas se olhar direito vai perceber... Não passa de uma questão de ótica.

3 Comments


Bruno Hallak
Bruno Hallak
Sep 05, 2023

Arthur, tem uma falha aí...

Falta o campo de assinatura pra eu assinar embaixo!!!

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Arthur Salazar
Arthur Salazar
Sep 05, 2023
Replying to

Pode deixar que a gente resolve! S2

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Reginaldo Santos
Reginaldo Santos
Sep 04, 2023

Parabéns pelo Texto, concordo com quase tudo

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