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  • Foto do escritorArthur Salazar

Linha do tempo.

Já avisei pra Julia que hoje tenho que dormir cedo. Lançou a segunda temporada de The Bear, mas não posso maratonar, até porque vou acompanhar a quarta - pelo menos pra mim - temporada de uma série que tenho apego: Brasil na Copa do Mundo de Basquete. Essa, começa sábado às seis e quarenta e cinco. Não acordo tão cedo desde os tempos de colégio... Sinapse grata.


Em 2010, foi a primeira vez que vi o torneio. Confesso que lembro de pouca coisa. Tinha 9 anos, acostumado a acordar cedo, e devo ter só bizoiado os canais da ESPN que meus pais assinavam, afinal, era lá onde passava a Premier League: paixão minha e do meu irmão no esporte. O importante é que não tenho nenhuma recordação dos 37 pontos de Luis Scola que sacramentaram a classificação argentina, e eliminação brasileira, no campeonato da Turquia. Da Turquia, minha única memória do Mundial: Ersan Ilyasova. Tenho memórias de torcer pra ele na final, um esforço anti-imperialista mirim, e me frustar com a vitória dominante dos EUA. Sinapse machucada.


Quatro anos depois e muita coisa tinha mudado... Minha vida havia se tornado 99% basquete, e nessa época, sonhava em ser jogador. Já tinha me distanciado do olhar de idolatria por Ilyasova, que na NBA, não fazia nem um quinto do que Derrick Rose. Portanto, é claro que eu vibrei com a revanche brasileira contra a Argentina, e certamente chorei com a nossa derrota frente a Sérvia, né? Não! Dessa edição, tenho menos recordações ainda. Francamente, não lembro de nada. Talvez uma ponderação momentânea sobre a Espanha de Gasol, e como ela me dava medo. Nada além disso! Sinapse amedrontada.


Passam-se cinco anos, e agora eu já tinha desistido de jogar e de acompanhar a Premier League. Assinava, com dinheiro contado da vida adulta, pacotes de transmissão exclusivos ao esporte da bola laranja, e por meio deles, me alimentava diariamente de jogos com caráter obsessivo. O Mundial aconteceu semanas antes da primeira gravação do Posterizamos, que naqueles dias, era uma página de opinião onde eu falava sobre basquete com algum teor jornalístico. Uma espécie de Tabelado de 3... Nessa conjuntura, lembro de absolutamente tudo. De vibrar contra a Grécia enquanto matava aula na casa de uma ex-namorada, e de ficar incrédulo com a derrocada no jogo de coroação de Tomáš Satoranský. Sinapse calejada.


A verdade é que a experiência que antecede 2023 foi fundamental. Não que as de 2010 e 2014 não tenham tido efeito, mas, viver a Copa com todos altos e baixos de sempre - pra mim nunca até então - foi motor pra minha formação. Sinapse madura.


Em 2023, venho pra esse Mundial com olhar diferente. Quero ainda que o Brasil ganhe, mas não só. Quero dormir cedo e ficar ansioso prum jogo contra o Irã ou Costa do Marfim. Quero torcer, e tomara que não em vão, contra a mesma Espanha que ainda me dá medo. Quero sonhar com mata-mata. Quero falar sobre. Quero chorar de alegria. Quero aproveitar cada segundo dessa festa, que 13 anos atrás aparecia aleatoriamente pra mim no canal 45 da TV. Sinapse sonhadora.


Muita coisa mudou de lá pra cá. Sinapse nostálgica.

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