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Foto do escritorArthur Salazar

Dribles e Diálogos.

Prolla me chamou pro podcast dele, o "Dribles & Diálogos".


Dribles nunca foram um problema pra o ex-armador corinthiano, que agora se prepara pra primeira temporada no universitário estadunidense, depois de anos e anos de destaque com a bola na mão por aqui.


E diálogos?


Posso garantir que de papo, o Prollinha entende.


Tem curiosidade; confiança; abstração e tudo mais que se precisa pra conversar. Detalho as nuances, muito porque eu sou um sujeito tímido que admira quem consegue ter essas. Pra mim, Lucas Ashton Prolla é quase tão bom em uma quanto em outra.


Em tentativa de descrevê-lo, me deparo com dois caminhos:


1) Sendo simplista, Prolla é diferente.


2) Sendo complexo, e como acho que ele gostaria de ler, Prolla é mais do que um jogador que aspira ser mais do que um jogador. Não estuda porque quer que saibam que ele estuda, ou porque quer estudar. Não joga pra que o vejam, ou porque quer. Faz tudo, e prioriza tudo, pelo o que gosta. Escolhe a dedo seus caminhos, e abraça as inseguranças quando ouve falarem sobre essa sua coragem: de viver; de separar; de sair de casa; de ter saudades; de driblar; de dialogar.


Abaixo, uma resposta longa à uma única pergunta sobre o seu momento de faculdade: Qual é sua maior ansiedade; seu maior medo e sua expectativa geral?


Não só pela falta de uma graduação que eu não saberia responder.

Prolla soube:


"Cheguei ontem na faculdade, amanhã eu me mudo pro meu quarto. É numa cidade que não tem muita coisa além do basquete, além do ginásio... Acho que vou ver ele até um ponto de não querer mais vê-lo.


Tô grato de ter recebido uma bolsa integral aqui (Missiouri West-Plains), uma faculdade muito boa, por mais que seja uma JUCO, é um Junior College de primeira divisão (D1) que tem costume de exportar quase o time todo pra D1-NCAA, todo fim de temporada. Como os americanos dizem: "stepping stone", um lugar onde eu vá subir de nível pro ano que vem.


Tive um ano diferente nos EUA em 2022-23. Me lesionei no fim da temporada, e tô voltando de lesão agora. Mas estou com a cabeça muito boa!


Foi bom, enquanto eu tava de férias no Brasil, tirar um pouco a cabeça do basquete, porque agora eu venho mais motivado; com olhar diferente; outros focos... Em um ano eu quero estar em uma escola de quatro anos; com bolsa; estudando o que eu quero fazer pra vida. O basquete já me trouxe até aqui, e "jogo" não vai faltar pra mim, afinal, eu já estava sendo recrutado por boas escolas quando fechei aqui. Foi a melhor oferta que eu tinha na época!


Estou totalmente confiante com o que eu entrego em quadra. Pra esse ano, espero um pouco mais de liberdade em quadra, coisa que não tive ano passado, e o meu técnico aqui me deu carta branca e sei que vou ter bons números de arremessos por jogo, e sei que vou usufruir bem isso. Meu estilo de jogo é mais ofensivo, preciso disso. Até levando a bola, sim eu jogo melhor de 2, mas consigo levar a bola e ser aquele armador que tem mais o instinto de ir pra cesta, e é aí onde vou melhor. Então, esse ano eu tô bastante ansioso pra ter essa liberdade ao lado de um grupo de pessoas que confia em mim, e acredita que eu posso levar meu time pra uma temporada vitoriosa.


Nossa região, aonde a gente tá, é muito forte. Tem Indian Hills, a número 5 no ranking das JUCOs do país, foi semifinalista no último torneio (NJCAA Division I) e o time inteiro deles transfere pra D1-NCAA. Tô muito ansioso pra isso, pra começar a jogar de novo voltando de lesão, até porque eu sei que tô no radar de algumas faculdades que querem me recrutar pro ano que vem.


Provavelmente, a primeira boa oferta que eu receber: uma boa escola e um lugar onde eu queira estar, eu devo fechar. Eu não quero passar o estresse que passei nesse último ano, de ter que fechar com faculdades logo no fim da temporada, porque hoje em dia, se você não é Top 100 dos EUA você não vai escolher pra onde vai! Tem gente de 25 anos na faculdade e com 2 anos ainda de eligibilidade... No meu time deve ter cara de 23, mesmo em JUCO que deveria ser pra 21 sabe?


Mas o que eu tô mais triste é na verdade a localização onde estou. Queria estar mais perto da família, num lugar onde mais fácil pra eles, e meus amigos. Acho que não vai ser um problema, vou conseguir voltar pra casa no Natal, coisa que não tem em muitas faculdades. Com certeza, e com um esforço a mais, eu consigo ir até o aeroporto e encontrar alguém. Quando você ama as pessoas, você tem que fazer esses esforços e me motiva muito saber que isso aqui não é permanente (JUCO). Eu sei que é um ano que vai ser mais difícil, mas nos próximos anos eu quero colher os frutos de tudo que fiz aqui no escuro.


Tô confiante com o que eu faço dentro de quadra, e fora de quadra eu acho que tenho as ferramentas que preciso pra ter sucesso, mesmo que não seja com o basquete pra sempre.


Eu sei que o basquete não é pra sempre, e então gosto de focar no fora de quadra; criar interesse variados; até mesmo o Podcast... O basquete não vai durar pra sempre, pode durar por um bom tempo, mas o importante é que vai sempre abrir portas pra mim.


Meu maior sonho é jogar D1-NCAA; com bolsa integral; jogando um March Madness; ter minha família e amigos me assistindo na TV. Enquanto eu estiver na faculdade, quero fazer Business Analytics. O basquete vai abrir portas pra eu fazer uns estágios, e ter um currículo de quem jogou D1 não é pra qualquer um.


Hoje, tem mais brasileiro vindo pra cá, mas não são muitos que fazem esse caminho, e no fim das contas esse sempre foi meu sonho, muito mais que jogar NBB eu sempre quis estar aqui nos EUA e fazer uma faculdade.


Sempre pensei em estar estudando. Pego o melhor dos dois mundos: jogo contra competição boa, e faço o que eu quero fazer fora de quadra."

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