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  • Foto do escritorArthur Salazar

Clube dos 15.

No meio de 2020, isolado num quarto na casa dos meus avós, pensei em como continuar cobrindo a base paralisada durante a pandemia. Era o começo do período de quarentena, e não sabia quanto tempo duraria esse hiato nas quadras... Entre vários projetos do Posterizamos, me aproximei da ideia de montar um ranking - como os da ESPN no High School - por idade; posição; e tudo mais.

Agora, em 2023 e com a base cada vez maior no Brasil, proponho essa mesma discussão. Não mais motivado pela escassez, mas sim pela massificação, venho tratar de quinze nomes conhecidos; destacados; esperançosos. Pra mim, os 15 melhores prospectos brasileiros até o Sub-19.

Mas o que é um prospecto?

Prospecto é um acumulador de perspectivas, que instiga a imaginação do fã com um basquete tão hipotético, quanto presente. Perceba, um jogador não é apenas o que ele faz em quadra, mas também criação estética do olhar interessado de quem o escolhe como uma parte da sua definição de basquete. Materialmente, não se trata de quem é bom ou ruim; talentoso ou não. No meu mundo, um prospecto é um sujeito que cativa - e aí sim pelo que faz nas quatro linhas - acima de tudo. Parte do presente pro futuro, em questão de segundos. Um prospecto, nada mais é que um raro agitador. 15 desses abaixo!

(Esse segmento é fruto de uma breve discussão com meu amigo Igor da página @fivefivebball.)
 
Brenno Harnbaker
2011 | Palmeiras
Sim. Um menino de 12 anos tá na lista dos melhores jogadores da nossa base. Juro que não fiz isso pra chamar atenção, mas é muito difícil imaginar um futuro em que o Brenninho não se torna um fenômeno maior ainda. Pode ser, e a chance é maior pela idade, que o Cometa não passe de um acontecimento, e nunca materialize na promessa de "Novo Monstrinho". A verdade é que estamos 10 anos adiantados pra cravar isso aqui... Pra bem e pra mal, pra sim ou pra não! Coloco seu nome pelo ineditismo, é histórico já aos 12 anos.

Eduardo Klafke
2005 | NBA Academy LatAm-MEX [Ole Miss-EUA]
A ida do Du pra Ole Miss em 2024-25 é sintomática: ele tá no caminho. Foi dominante no seu tempo em Franca; jogou profissionalmente no Brasil; não demorou pra ir se desafiar na NBA Academy; se tornou sexto-homem entre os mais velhos (2004) da Seleção; e está fechado com uma universidade de elite pro seu próximo passo. É um gatilhaço geracional, com experiência de cancha e tudo mais que colabora pra seu status consensual. Acredito que seja unanimidade por aqui!

Enrico Borio
2006 | North Broward Prep-EUA [Jacksonville-EUA]
Enrico entrou nessa lista com certa dificuldade. A ida pros EUA, combinada à destaque fora do eixo RJ-SP, me distanciou do seu basquete muito cedo. Voltando a vê-lo, descubro que ainda é um dos mais completos e úteis jovens brasileiros por aí. Gosto desse caráter "canivético" que ele proporciona, é uma escolha segura pra tudo que se propõe a fazer em quadra. Pode não ser o mais charmoso; enigmático ou monumental, mas é uma certeza! E isso, é coisa muito difícil de achar em um moleque de 17 anos. Vai jogar basquete em alto nível até cansar!

Francesco Borio
2008 | North Broward Prep-EUA
Francesco ainda é o irmão do Enrico, na verdade sempre vai ser, mas ainda não é o predicado nessa frase. Assim como o mais velho, ele também não jogou no eixo; também foi pros EUA cedo; e também é um canivete. Porém, tem trejeitos de craque que são apaixonantes e refrescantes. Ele está muito acima da média prum jovem de 15 anos, e é melhor que Enrico na mesma idade, aliás, bem melhor e muito mais glamouroso. Hoje, Francesco estaria na minha lista da seleção sub-17, e está entre os 15 melhores prospectos que vejo. Acho que tem teto de NBA.

Gustavo Guimarães
2006 | Riviera Prep-EUA
Aos 17 anos, Gustavão foi o 4º jogador mais novo a jogar o Mundial Sub-19 desse ano. Essa conquista ilustra o status do gigante de 2.10 metros, que conquistou a confiança de Vitor Galvani. Nos EUA, ele já recebeu oferta de Jacksonville (faculdade de Enrico Borio), e conta com interesse de Arkansas; Loyola, UCF e várias outras universidades de D1. É também o 35º melhor pivô de sua classe (2025); 14º melhor jogador da Florida; e prospecto de 3 estrelas segundo a ESPN de lá. Merece destaque singular, até porque, é o único pivô da lista.

Junior Kemm
2007 | FC Barcelona-ESP
Há muita promessa no jogador que Nolan Eric Kemm pode se tornar. No melhor dos casos, o 8º entre todos europeus nascidos em 2007 (segundo a Eurospect), se tornaria um armador totalmente diferente do que já vimos de verde e amarelo. É ultra atlético; agressivo; confiante, uma espécie de De'Aaron Fox tupiniquim-suiço, que encaixa perfeitamente no modelo de iniciador agudo que tanto se valoriza no basquete moderno. Se desenvolver no Barcelona é mais um ponto positivo na equação... Resumidamente, tem um dos piores "chãos", e um dos melhores "tetos" da lista. É intrigante!

Kauan Raymundo
2005 | Corinthians
"Ah mas ele não é muito baixo pra ser pivô? E pra ser um 4... Como, se não chuta nada?". Você não sabe quantas vezes eu ouvi esse papo bobo, de que o Kauan não viraria porque não é nem A, nem B. A verdade, é que ele quebra totalmente a norma do que é ser um 4/5, e as pessoas vão precisar de tempo pra entender isso tudo. É óbvio que se chutasse, ou se fosse mais alto, estaria em outro patamar... Mas o Kauan é o mais paradoxal dos prospectos! É inimigo do "se", e abraça o que é. Hoje, se trata de um "Baby Shaq" em todas as categorias que joga. Sobra!

Leandro Cardoso
2004 | Paulistano
Tenho segurança em afirmar que nunca vi um operário dos tocos como o Leandro. Isso já basta pra mim, ele é o melhor que eu me lembro em um fundamento do jogo! Pra mais, ele é corajoso ao extremo; joga com ausência de ego; tem atleticismo galático; e abre pra chutar de vez em quando. Eu sou muito fã mesmo do Leandro, e imagino que ele possa não virar mais que isso aí que descrevi. Tô com a consciência limpa! Ele já é muito bom.

Lucas Atauri
2004 | Paulistano [Washinton State-EUA]
Em conversas, já disse várias vezes que Lucas Atauri é o jovem brasileiro mais talentoso que vi (ao lado de João Capela). Tem momentos em que tive certeza de que era um prospecto melhor ou do mesmo patamar de Reynan, mas também já o vi muito discreto. Bom, o que importa é que a WSU - faculdade de Klay Thompson - brilhou os olhos ao ver o ala-armador. Honestamente, ele pode pintar na NBA já em 2024-25 se as bolas cairem; as enterradas saírem; e o resto se encaixando.

Mathias Alessanco
2008 | Real Bétis-ESP
Meu favorito! Não acho que começar falando isso dá qualquer ideia de imparcialidade, até pórque, tal favoritismo foi conquistado e não dado. Dos desenvolvidos no Brasil, o Mathias foi quem menos vi jogar. Mesmo assim, foi o suficiente pra ganhar essa moral! Na Espanha, ele vai ser rei. É o unicórnio da nossa base; um fenômeno silencioso; o melhor na Copa América dos mais velhos (2007); um vencedor nato; e um menino de ouro. Com mais de dois metros de altura, o basquete apaixonante do Mathias é paciente e veterano; completo e competitivo. Já é um profissional.

Patrick Perna
2007 | CATS-EUA
Na Copa América Sub-16, o Patrick - lê-se como um ianque leria - foi uma figura nova. Seu jogo de "go-get-a-bucket" é estranho ao olhar brasileiro, e um pouco aflitivo. Mas a verdade, é que ele é muito, muito bom nisso. Pros gringos, ele é um dos melhores jogadores da classe de 2027 (papo de MVP ofensivo no maior torneio de AAU), coisa completamente surreal pra nós brasileiros. No final das contas, não é um estranhamento que vai me fazer negar o jogador de basquete que é Patrick Perna Otey: um craque em fazer cestas! Talvez o melhor brasileiro nesse exercício... Indispensável.

Pedrinho Figueiredo
2008 | Valencia-ESP
Sei pouco e vi pouco do Pedrinho. Seu destaque na lista é um chute da minha parte - baseado na intuição que costumo seguir - de que, ele vai se tornar um criador de vantagens automático. Me passa a impressão de que o basquete é muito fácil pra ele, vem naturalmente e com fluidez. Acho que é talento somado a talento e somado a mais talento! Tem muita coisa pra melhorar? Tem. Mas tem também 15 anos de idade... Aposto muita coisa no futuro desse performático adolescente.

Pedro Paste
2007 | Stella Azurra-ITA
Não faz muito tempo que disse isso no twitter: "PEDRO PASTRE É O MELHOR PROSPECTO BRASILEIRO QUE EU VI". Agora, reitero. Nunca vi um jogador de basquete tão completo na base quanto esse Pedrinho, e olha que eu já vi muita coisa. Pastre não tem nenhuma falha; acerta quase tudo que tenta; não é protocolar; tem plasticidade; é vencedor... Ele tem tudo! Tenho sim medo de que seja um "jogador de base", mas o acho muito real pra ser só isso.

Reynan dos Santos
2004 | Overtime Elite-EUA
É o Rey né! Comprei ações do Reynan lá em 2019, quando o vi roubar a cena num final four no Azulzinho (preciso contar essa história aqui). De lá pra cá, ele não me decepcionou nunca, e ouso dizer que me surpreendeu sempre. Acho que ele vai ser o Yago da próxima geração, e uma mega-estrela que supera as barreiras físicas e cristaliza exatamente a minha definição de um prospecto. Reynan é o imaginário coletivo do basquete brasileiro que esta por vir.

Samis Calderon
2004 | Overtime Elite-EUA
Já contei que um passarinho me contou que ele ia pra NBA né? Enfim, do Samis já falei demais e ainda ouço pouco. Não sei muito como definir, mas acho que ele pode ser absolutamente tudo, de NBA à Seleção; de fenômeno midiático à craque sossegado; tudo. O acúmulo de possibilidades é exatamente o que me anima, e que sempre me animou, quanto o tema da conversa é e foi Samis Calderon.

Vitinho Brandão
2004 | Paulistano
Nos tempos de Esperia, Vitinho era um 2 pontuador, com postura agressiva e assertiva, que carregava o alvi-azul da zona norte pra voos improváveis. No CAP, ele virou um calmo armador. A transição foi tão boa, que ele foi de não convocado na Sula, pra titular no Mundial! Estamos falando do armador titular da Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo de Basquete, que virou de fato armador em 2023. Imagina o que vai ser Vitinho Brandão com 2/3 anos de armação no profissional (coisa que ele já tá fazendo). É um touro!

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